EFEITOS DE OITO SEMANAS DE TREINAMENTO AERÓBICO EM JEJUM ASSOCIADO À DIETA SOBRE FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES CARDIOMETABÓLICAS EM MULHERES PRÉ-OBESAS: UM ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO

  • MOLINARI T. Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG)
  • FERREIRA D. A.
  • MACEDO R. C. O.
  • RODRIGUES R.
Palavras-chave: Jejum, Treinamento aeróbico, Alimentação, Obesidade

Resumo

A alimentação inadequada e o sedentarismo são considerados fatores de risco para diversas doenças crônicas. Assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) utiliza marcadores de composição corporal como o Índice de Massa Corporal (IMC) e a Circunferência Abdominal (CA) afim de classificar a população quanto ao risco de complicações cardiometabólicas associadas à obesidade. Somado a uma alimentação equilibrada, a prática de exercício aeróbico é fundamental no combate a estes fatores de risco. Recentemente, a realização de exercício aeróbico em jejum vem sendo preconizado como uma estratégia eficaz na redução de fatores de risco associados à obesidade. Objetivo: Comparar os efeitos de oito semanas de treinamento aeróbico alimentado e em jejum associado à dieta sobre fatores de risco para complicações cardiometabólicas em mulheres pré-obesas. Material e métodos: Dezoito mulheres pré-obesas foram randomizadas em dois grupos de treinamento: aeróbio alimentado (AAL, n=9) [idade: 31,44 ± 4,18; massa corporal: 74,90 ± 6,77; estatura: 161,0 ± 4,53] e aeróbio em jejum (AEJ, n=9) [idade: 30,44 ± 5,27; massa corporal: 74,88 ± 3,68; estatura: 160,0 ± 4,89]. Os grupos de treinamento receberam dietas padronizadas (1600 Kcal, sendo 55% carboidratos, 25% lipídios e 20% proteínas). O treinamento consistiu em caminhada na esteira realizado a uma intensidade de 60% da frequência cardíaca máxima a partir da idade e realizado com uma frequência de três vezes na semana, sempre no turno da manhã. Os grupos iniciavam com 30 minutos, sendo incrementados 10 minutos de exercício a cada semana totalizando 100 minutos de exercício na última semana. Avaliações de IMC e CA foram realizadas antes, após quatro e oito semanas do período de treinamento. Para efeitos de classificação, foi utilizado um IMC maior que 25 kg/m² para pré-obesidade e maior que 30 kg/m² para obesidade grau I. Quanto à CA, valores maiores que 80 cm indicam risco aumentado e maiores que 88 cm indicam risco muito aumentado de complicações cardiometabólicas associadas à obesidade. Quanto à análise estatística, uma ANOVA Two-Way para medidas repetidas com post-hoc de Bonferroni foi utilizado. Uma análise de inferência baseada na magnitude do efeito também foi realizada para examinar a significância clínica entre os dois grupos de treinamento. Resultados: Adotando o critério da OMS, observamos que os dois grupos foram classificados como pré-obesidade a partir da medida do IMC (AAL = 28,80 ± 3,50; AEJ = 29,07 ± 2,15 kg/m²) e com risco muito aumentado de complicações cardiometabólicas a partir da medida de CA (AAL = 94,46 ± 9,60; AEJ = 93,03 ± 7,37 cm). Não observamos diferença significativa entre os grupos em nenhum dos momentos avaliados para as variáveis IMC (p=0,879) e CA (p=0,202). No entanto, observamos redução significativa dos valores nos dois grupos de treinamento entre todas as avaliações para as duas variáveis (p<0,001). Contudo, na análise da inferência baseada na magnitude do efeito para a variável IMC, não observamos efeito positivo da realização do AEJ na avaliação pós-4 semanas (AAL = -1,24; AEJ = -1,71 kg/m², efeito = 0,08). No entanto, na avaliação pós-8 semanas o AEJ parece ser possivelmente benéfico comparado ao AAL (AAL = -1,84; AEJ = -2,80 kg/m², efeito = 0,26). Em relação à variável CA, a realização do AEJ apresenta um efeito provavelmente benéfico comparado ao AAL na avaliação pós-4 (AAL = -2,03; AEJ = -7,59 cm, efeito = 0,84) e pós 8-semanas (AAL = -2,74; AEJ = -8,93 cm, efeito = 0,95). Ainda, observamos que somente o AEJ foi capaz de reduzir a classificação inicial de risco muito aumentado para risco aumentado de complicações cardiometabólicas relacionadas à obesidade. Conclusões: A realização do treinamento aeróbico em jejum promove maiores efeitos benéficos comparado ao aeróbico alimentado em marcadores de composição corporal associados ao risco de complicações cardiometabólicas em mulheres pré-obesas.

Publicado
2018-05-03