MENINOS E MENINAS COM DESORDEM COORDENATIVA DESENVOLVIMENTAL E DESENVOLVIMENTO TÍPICO: UMA COMPARAÇÃO DE HABILIDADES
Resumo
Diversos estudos têm investigado as dificuldades enfrentadas por crianças com Desordem Coordenativa Desenvolvimental (DCD). Entretanto, apesar das contribuições destas pesquisas, verifica-se que ainda são poucos os detalhes acerca da especificidade da desordem e o comprometimento motor decorrente da mesma. Para que pais, professores e equipes multidisciplinares possam auxiliar de forma direcionada, verifica-se a necessidade de investigar os prejuízos motores mais acentuados e se essas possíveis dificuldades são similares ente meninas e meninos. Objetivo: verificar as possíveis diferenças entre meninos e meninas com DCD, risco de DCD (r-DCD) e com desenvolvimento típico (DT) nas habilidades motoras fundamentais. Métodos: participaram desse estudo 97 crianças, destas 35 crianças foram identificadas com DCD (17 meninas e 18 meninos), 18 crianças em r-DCD (11 meninas e 7 meninos) e 44 crianças com DT (26 meninas e 18 meninos). As crianças tinham idade entre 5 e 8 anos e eram provenientes de escolas públicas de Porto Alegre-RS. As crianças foram avaliadas com o Movement Assessment Battery for Children-Second Edition para a categorização motora (DCD % < 5; r-DCD entre 6 e 15%; DT > de 16%). Todas as crianças tiveram suas habilidades motoras fundamentais avaliadas com o Test of Gross Motor Develoment – Second Edition. Análise descritiva com média, desvio padrão e frequência foram utilizados e para as comparações entre grupos teste t independente foi conduzido. Resultados: Ao comparar os subgrupos entre as meninas e meninos separadamente foi verificado que: (1) meninas com DCD apresentaram maior prejuízo motor em comparação com as meninas com DT no galope (p=0.040); (2) meninos com DCD apresentaram maior prejuízo motor em comparação com os meninos com r-DCD nas habilidades de salto com um pé (p=0.002), salto horizontal (p=0.050), chutar (p=0.019) e melhor desempenho em rolar (p=0.034); (3) meninos com r-DCD apresentaram maior prejuízo motor em comparação com os meninos com DCD nas habilidades de receber (p=0.031) e rolar (p=0.018) e melhor desempenho na habilidade de salto com um pé (p=0.011). Quando comparados meninos e meninas dentro do subgrupo foi possível verificar que: (1) meninos com DCD apresentam melhor desempenho que meninas com DCD em quicar (p=0.039); (2) meninos com r-DCD apresentam melhor desempenho que meninas com r-DCD em salto com um pé (p=0.006), chutar (p=0.043), arremessar (p=0.028) e rolar (p=0.047); meninos com DT apresentam melhor desempenho que meninas com DT em rebater (p=0.001) e arremessar (p=0.001). Conclusão: as dificuldades motoras enfrentadas por crianças com DCD e r-DCD são bastante acentuadas e envolvem especialmente os meninos quando comparados com crianças com DT. Quando comparados meninos e meninas com a desordem, verifica-se que as dificuldades são ainda mais proeminentes entre as meninas. Nesse sentido, verifica-se a necessidade de atenção específica para todas as crianças.