A UTILIZAÇÃO DA PINTURA CORPORAL COMO ENSINO-APRENDIZAGEM NA ANATOMIA HUMANA

  • Cyndi da Silva Nardes Portela Centro Universitário da Serra Gaúcha
  • Larissa Fernanda Kohlrausch
  • Letícia Borges Puhl
  • Liziane Bertotti Crippa
  • William Dhein

Resumo

INTRODUÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: A Anatomia Humana é uma disciplina que contempla a grande maioria dos cursos da área da saúde, sendo um conhecimento a ser adquirido já no início da graduação (ALMEIDA, et al. 2020). No seu modelo tradicional, o ensino da disciplina é mediado pela utilização de cadáveres. Entretanto, o acesso a esse material exige muita burocracia e dilemas éticos, o que tem dificultado e diminuído o emprego deste método de ensino (OLIVEIRA, et al., 2020). Em virtude disso, é importante a utilização e exploração de metodologias ativas que auxiliem o aluno no processo de aprendizagem. A pintura corporal - ou body painting, é uma metodologia de ensino ativa, na qual a pintura de estruturas anatômicas no corpo humano possibilita a melhor visualização, bem como, o desenvolvimento do aluno. A disciplina anatomia palpatória, consiste na utilização do toque para verificar alterações no corpo. Cursos como enfermagem, medicina e fisioterapia, utilizam muito a palpação, portanto, desenvolver expertise nesse quesito é de extrema importância para a formação de profissionais de qualidade. MATERIAL E MÉTODOS: As bases de dados utilizadas para a pesquisa foram Scielo, Pubmed e Google Acadêmico. Foi realizada uma seleção de artigos entre os anos de 2008 e 2020 cujos descritores utilizados na pesquisa foram: pintura corporal, body painting e aprendizagem. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Tendo em vista que os educadores têm necessitado inovar, instituições de ensino têm como proposta metodológica oferecer ao estudante vivências que possibilitem aproximação à realidade (KLAHR, 2021) e o body painting une teoria e a prática. Saindo das técnicas tradicionais é possível aplicar o conhecimento prévio com a representação das estruturas anatômicas nas reais proporções (COLARES, 2019), sendo o aluno o responsável pela sua aprendizagem, exigindo empenho do mesmo, tendo o professor seu facilitador (KLAHR, 2021) e trazendo um ambiente extrovertido. Na junção da arte com a ciência, é possível ter a experiência da anatomia viva, demonstrando as partes humanas de forma nítida e tridimensional, sendo possível ver o comportamento das mesmas, relacionando o pensar e fazer, desenvolvendo habilidades clínicas. Através dos estímulos multissensoriais (SCHNEIDER, 2019) que ocorrem, esta técnica é descrita como facilitadora na memória e da assimilação do conteúdo, fixando a localização anatômica, a forma e movimentos das estruturas. Um ponto crucial para isso é a paleta de cores ousada e vibrante. Dentre os benefícios além do baixo custo (ALCÂNTARA, 2021), é importante citar o entendimento da empatia, vulnerabilidade, conforto com a nudez parcial e percepções necessárias, onde já terão desenvolvido a noção de contato físico profissional através das práticas. Segundo FINN (2018), se torna útil na diminuição da ansiedade de realizar exames físicos, assim como na dificuldade que alguns acadêmicos têm em lidar com a morte ao estudar em cadáveres, além de diminuir as reprovações (KLAHR, 2021). Não tendo só benefícios, há empecilhos para a realização do body painting, como envolver habilidades de pintura, desenho (OLIVEIRA, 2020) e as questões religiosas e culturais quanto a se despir no momento da pintura (SCHNEIDER, 2019). Além disso, o que acaba não sendo adequado para todo o corpo, sendo mais fácil de utilizá-lo em estruturas maiores (FINN, 2018). CONCLUSÃO: Portanto, a pintura corporal é um método de ensino com avanço tecnológico, que além de incentivar os alunos nas práticas, também é uma ótima opção para se ter imagens memoráveis através da técnica. No Brasil, é muito difícil a obtenção de cadáveres para dissecação de estudos, além de exigir a utilização de produtos químicos como o formol. Já o body painting, tem como um dos pontos positivos a inutilização de produtos químicos, fazendo a ligação entre arte e ciência através de desenhos e cores, apresentando segundo OLIVEIRA (2020), grande aceitação por parte dos alunos. Dessa forma, ajuda na interação entre aluno e professor, um olhar profundo sobre conhecimento da palpação e estudos de superfícies, formando profissionais cada vez mais capacitados nesse sentido

 REFERÊNCIAS

 

ALCÂNTARA, Maria Thayanne Duarte et al. Utilizando o Body painting no processo de ensino e aprendizagem dos músculos da expressão facial. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.3, p. 25625-25634, mar 2021.

 

ALMEIDA, Wanderson Carvalho de; SANTOS, Darklilson Pereira; FERRAZ, Maria Ângela Arêa Leão. Metodologia ativa aplicada ao ensino da anatomia humana- body painting. Revista Projeção Saúde e Vida. v.1, n°2, ano 2020. p. 52.

 

CARRASCO-MOLINILLO, C.; RIBELLES-GARCÍA, A.; ALMORZA GOMAR, D.; PÉREZ-ARANA, G. & PRADA-OLIVEIRA, J. A. The teaching of surface anatomy by body painting. Int. J. Morphol., 37(3):912-916, 2019.

 

COLARES, Maria Alice Mendes.; MELLO, Josiane Medeiros de; VIDOTTI, Ana Paula; SANT’ANA, Débora de Mello Gonçalves. Metodologias de ensino de anatomia humana: estratégias para diminuir as dificuldades e proporcionar um melhor processo de ensino-aprendizagem. Arquivos do MUDI, v 23, n 3, p. 140-160, 2019.

 

FINN, Gabrielle M. Current perspectives on the role of body painting in medical education. Dovepress, [s. l], p. 701-706, set. 2018. Disponível em: < https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30310345/ >. Acesso em: 18. Ago.2021.

 

FINN, Gabrielle M. A Qualitative Study of Student Responses to Body Painting. Anatomical Sciences Education, 3:33–38, 2010.

 

GOULART, Larissa. A pintura corporal como recurso metodológico para o ensino da anatomia humana para estudantes de medicina da Universidade Federal do Amazonas, Brasil. Revista digital. Buenos Aires, outubro de 2015.

 

KLAHR, Patrícia da Silva et al. Body Painting e Peer to Peer como ferramentas de ensino-aprendizagem:Um estudo de coorte. Revista Saúde e Desenvolvimento Humano, Canoas, v. 9, n. 1, 2021.

 

MCMENAMIN, Paul G. Body painting as a tool in clinical anatomy teaching. Anatomical Sciences Education, [S.L.], v. 1, n. 4, p. 139-144, jul. 2008. Wiley. < Http://dx.doi.org/10.1002/ase.32 >.

 

OLIVEIRA, Leonam Costa; COSTA, Adrianna Torres da; PONTE, Marina Lages da; CARVALHO, Mateus Nunes; SOUSA JÚNIOR, Severino Cavalcante de; MELO, Samuel Pires. A Eficácia do Body Painting no Ensino-Aprendizagem da Anatomia: um estudo randomizado. Revista Brasileira de Educação Médica, [S.L.], v. 44, n. 2, p. 1-9, 2020. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1981-5271v44.2-20190162. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbem/a/WXGfK4P3LShqZLc35WxhxBc/?lang=pt>. Acesso em: 18 out. 2021.

 

SCHNEIDER, Camille; NETO, Francisco Herculano Campos. O uso de metodologias ativas no ensino-aprendizagem da anatomia humana: uma revisão integrativa. VII Encontro de Monitoria e Iniciação Científica, 2019.

 

 

Publicado
2022-07-11
Seção
Saúde e Ciências Agroveterinárias - Resumo Expandido